Tratamento Neurofeedback

O neurofeedback é uma intervenção terapêutica indolor, não invasiva e que não apresenta efeitos adversos. Este tratamento ocorre através de um processo de aprendizagem por biofeedback, onde o cérebro é recompensado sempre que altera a sua atividade no sentido da regulação e comunicação sincronizada. A informação relativa à atividade cerebral é obtida através do registo eletroencefalográfico em tempo real e apresentada de forma gráfica.

Este processo auxilia o paciente na consciencialização dos seus estados internos, contribuindo para a correção de diversas disfunções neurológicas e para a melhoria do desempenho cognitivo e comportamental.

O tratamento é baseado no princípio do condicionamento operante e no modelo de aprendizagem. Note-se que a comunicação cerebral ocorre por meio de ondas elétricas cerebrais, entre neurónios, e essa atividade, quando visualizada em tempo real (através de feedback audiovisual), permite que os pacientes autorregulem a atividade cerebral (por tentativa-erro) e aprendam quais os padrões de atividade cerebral devem adotar.

Para uma melhor leitura, deixamos os pontos que vamos desenvolver:

MECANISMO DE AÇÃO:

Esta alternativa terapêutica surgiu há várias décadas e assenta na premissa de que qualquer alteração da atividade cerebral (em termos de magnitude, padrão, coerência e conectividade) está associada a alterações das funções complexas do cérebro (cognição, emoção e comportamento), e que esta atividade cerebral pode ser monitorizada e modulada externamente para ser corrigida.

APLICAÇÕES DESTE TRATAMENTO:

O Neurofeedback tem comprovado ser uma ferramenta útil para exercitar o cérebro e um método de intervenção eficaz em diversos contextos, nomeadamente no âmbito escolar/académico. Permite fortalecer os principais padrões cerebrais, melhorar a comunicação cortical e possibilitar que diferentes áreas do cérebro funcionem com mais eficiência. Vários estudos têm demonstrado melhorias ao nível da atenção e concentração, memória, velocidade na tomada de decisão, funções executivas, cálculo, resolução de problemas, capacidade de lidar com o stress, melhorias do sono, melhorias nas interações sociais e maior resiliência emocional.

Consequentemente, é comum ocorrerem melhorias na performance escolar/académica, assim como na qualidade de vida do paciente.

De entre várias patologias com resposta positiva ao tratamento, são de destacar as seguintes: Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção, Dislexia, Discalculia e outras Perturbações Específicas da Aprendizagem, Dificuldades ao nível da linguagem e expressividade, Perturbação do Espectro do Autismo, Perturbação do Desenvolvimento Intelectual, Perturbações de Ansiedade (como por exemplo Perturbação de Ansiedade Generalizada, Perturbação Obsessivo-Compulsiva e Perturbação do Stress Pós-Traumático) e alguns tipos de Epilepsia.

Além de aplicada em casos clínicos, esta intervenção pode ser, igualmente, aplicada em indivíduos saudáveis, sem qualquer tipo de disfuncionalidade cognitiva e/ou emocional, cujo intuito é a melhoria da performance cognitiva (neuroenhancement).

QUEM PODE FAZER NEUROFEEBACK?

Os treinos de Neurofeedback podem ser realizados por qualquer pessoa, inclusive crianças, desde que possa ocorrer/haver uma aprendizagem, de modo a que o cérebro possa responder ao feedback recebido nas sessões.

COMO DECORRE A SESSÃO DE NEUROFEEDBACK?

As sessões de Neurofeedback são programadas de acordo com as conclusões de um eletrocefalograma prévio que fornece indicações acerca do nível de desregulação do padrão de atividade cerebral e do nível de dessincronização das diferentes áreas cerebrais.

Durante a sessão de Neurofeedback, o paciente é convidado a jogar, ver um filme/vídeo ou ouvir uma música, no sentido de alterar a sua atividade neuronal de forma intuitiva.

Com recurso a um software e à realização de um eletroencefalograma quantitativo (qEEG), que é conectado ao paciente por meio de elétrodos no couro cabeludo, é possível registar sinais elétricos dos neurónios, permitindo visualizar, em tempo real, a atividade cerebral nas diferentes regiões neuroanatómicas. Esta atividade cerebral é, depois, comparada com uma base de dados de referência normativa para identificar alterações na distribuição, potência, relação, coerência e conectividade elétrica através dos lobos cerebrais.

Sempre que o programa deteta qualquer alteração da atividade cerebral no sentido da regulação e da comunicação sincronizada, gera um ‘feedback’ (sonoro e visual) para que o paciente se aperceba de que as ondas cerebrais atingiram o valor ideal e que, por isso, deve manter a sua estratégia. Ao longo do tempo, o cérebro vai tentar reproduzir a mesma onda cerebral para receber de novo o referido feedback, aprendendo a manter o novo padrão de funcionamento cerebral e a equilibrar o seu desempenho, mesmo fora das sessões.

QUANTO TEMPO DEMORA UMA SESSÃO DE NEUROFEEBACK?

Cada sessão pode demorar entre 25 a 45 minutos, dependendo do protocolo definido e das necessidades específicas de cada indivíduo. A duração das sessões pode, ainda, implicar ajustes, atendendo ao desempenho do paciente, assim como à resistência à fadiga.

QUAL O PROCEDIMENTO PARA COMEÇAR A REALIZAR ESTA INTERVENÇÃO?

Deverá ser agendada uma consulta médica no sentido de recolher informação relativa às queixas, sinais e sintomas, avaliar a viabilidade do tratamento face às características do paciente e do quadro clínico, e para que sejam prescritas as sessões de neurofeedback.

De seguida, terá de ser realizado um eletroencefalograma (EEG) com o propósito de analisar o padrão de atividade cerebral do paciente e para que seja estabelecido o protocolo de intervenção adequado.

Por último, o paciente é encaminhado para um profissional devidamente qualificado para a realização das sessões. Concomitantemente, poderá ser útil a realização de uma avaliação psicológica e/ou neuropsicológica, por forma a que o plano de intervenção seja o mais personalizado possível.

SINTO DORES AO FAZER O TRATAMENTO?

O tratamento de neurofeedback é um procedimento não invasivo e, como tal, é indolor.

POSSO REALIZAR SESSÕES DE NEUROFEEDBACK ENQUANTO ESTOU A FAZER MEDICAÇÃO?

Atendendo ao facto de existir um processo de aprendizagem inerente ao tratamento por neurofeedback, qualquer substância que interfira com o desempenho cognitivo, como neurolépticos e/ou benzodiazepinas, pode desencadear uma resposta mais lentificada aos treinos, podendo ser necessária a realização de um maior número de sessões para atingir os resultados pretendidos.

Ainda assim, a toma de medicação não é impeditiva da realização do tratamento. Em alguns casos, o recurso ao treino cognitivo e ao neurofeedback combinado com psicoestimulantes (metilfenidato, anfetaminas, atomoxetina, entre outros), pode-se revelar potenciador dos resultados da intervenção, nomeadamente no que se refere à melhoria da atenção e da aprendizagem. De ressalvar que, este é um assunto que deve ser sempre discutido com o médico, levando-se em consideração as idiossincrasias do paciente e da patologia a tratar.

QUANTAS SESSÕES SÃO NECESSÁRIAS PARA OBTER RESULTADOS?

A quantidade de sessões prescritas é sempre baseada nas avaliações prévias, tendo em consideração vários fatores, nomeadamente a idade do sujeito, o seu perfil cognitivo e psicológico e a patologia subjacente. Não existe um número pré-determinado de sessões para que se alcancem os resultados pretendidos. Contudo, e perspetivando a longevidade dos efeitos clínicos, são necessárias, em média, entre 25 a 40 sessões (2 a 3 meses de intervenção). Nos casos clínicos crónicos e/ou complexos, podem ser necessárias mais de 40 sessões de tratamento.

POR QUANTO TEMPO PERDURAM OS RESULTADOS?

A durabilidade dos efeitos do tratamento com neurofeedback dependem de cada caso. No entanto, há evidência científica que aponta para uma longevidade dos efeitos clínicos estáveis até dois anos após o término da intervenção.

De salientar que, a correta desvinculação do procedimento (realizando os últimos treinos com maior espaçamento entre eles), bem como a realização de sessões de manutenção, permitem que os efeitos clínicos se consolidem e perdurem por mais tempo.

ABORDAGEM NEUROVIDA: TREINO COGNITIVO + NEUROFEEDBACK

Nas Clínicas NeuroVida privilegiamos, sempre que possível, a intervenção não farmacológica como alternativa às terapêuticas convencionais. Neste sentido, recomendamos a realização de programas de treino cognitivo personalizados e direcionados às dificuldades específicas do paciente, os quais podem ser complementados com outros tratamentos, tais como acompanhamento psicológico, terapia da fala, terapia ocupacional, fisioterapia e neurofeedback.

Distinguimo-nos por apostar em intervenções recentes e tecnologicamente superiores, disponibilizando sistemas de EEG-Neurofeedback de 19 canais simultâneos, com ligação Wireless e Dry Electrodes (sem recurso a gel condutor). Estes sistemas permitem criar mapas topográficos cerebrais, uma vez que estão munidos de técnicas como o Z Score e a técnica de tomografia eletromagnética de baixa resolução (LORETA), nas quais os dados EEG 2D são convertidos em dados 3D, permitindo localizar a origem das ondas cerebrais, identificar as áreas funcionais e fornecer um contexto neuroanatómico. Por sua vez, esta informação é comparada com uma base de dados de referência normativa (Neuroguide), o que possibilita treinar a atividade, conectividade e dinâmica cerebral (desfasamento).

Esta tecnologia pode, ainda, ser combinada com o treino cognitivo computorizado, utilizando softwares internacionalmente validados e reconhecidos (RehaCom e Cogweb).

Entendemos que esta abordagem, por se revelar abrangente e interdisciplinar, permite potenciar os resultados obtidos pelo trabalho individual de cada área de atuação, levando as crianças e jovens a atingir um maior nível de eficiência na aprendizagem escolar, melhores resultados académicos e, naturalmente, melhor qualidade de vida.